Trends

José Avillez

"Neste momento, estamos a avaliar a possibilidade de abrir um espaço em Los Angeles”

Mesmo no início de 2012, José Avillez assumiu o comando do restaurante Belcanto (estabelecido em 1958), dando-lhe nova roupagem. Resultado: em menos de um ano a casa foi distinguida com uma Estrela Michelin. Em 2014, o céu Avillez iluminou-se com a segunda Estrela Michelin. Foi um início auspicioso que continua cintilante. Em 2021, o Belcanto tornou a ser considerado um dos melhores do mundo pela The World’s 50 Best Restaurants. Atualmente, os sonhos voam para a América. Mas o coração continua a bater, todos os dias, pela satisfação dos clientes. Seja qual for a cozinha com o seu nome. E hoje já são algumas.
Uma Estrela Michelin. Duas Estrelas Michelin. Na realidade, qual seria o número ideal de estrelas ou, nesta fase da sua vida, as estrelas já são só um pequeno bónus do muito que o nome Avillez tem conquistado?
As Estrelas Michelin são um importante reconhecimento na restauração. Estou muito agradecido ao Guia Michelin por todos os reconhecimentos, é muito bom ver o nosso trabalho e dedicação reconhecidos. Desde o início que, em conjunto com as equipas, procuro evoluir. As Estrelas Michelin não só têm um impacto positivo na procura dos restaurantes, como também na promoção da cozinha portuguesa e do país.  

Podemos dizer que também é um chef com as suas "manias”? Relativamente a equipamentos ou utensílios, o que não pode faltar quando está a cozinhar?
Para cozinhar há utensílios indispensáveis. Cada cozinheiro poderá listar de forma diferente os seus. Para mim, são facas, tábuas de corte, tachos de qualidade, fogão e forno. Ao nível de máquinas, a mais básica e indispensável talvez seja a varinha mágica ou um passe-vite, para fazer um bom puré. 

A marca dos eletrodomésticos e a sua qualidade também são uma mais-valia nas casas de José Avillez?
A qualidade dos utensílios e dos equipamentos é importante em termos do resultado e da durabilidade. Nas cozinhas profissionais, tudo tem um uso intenso. Por isso, a qualidade é ainda mais importante.  

E quanto a superfícies, tem preferências: mármores, alumínio...? O material faz alguma diferença na hora de preparar uma refeição ou trata-se apenas de gosto estético pessoal?
Os materiais diferem quando se trata de uma cozinha profissional. Há normas específicas para as cozinhas profissionais para que se assegure e se facilite a limpeza e a segurança dos clientes e de todos os que ali trabalham. Em casa, prefiro sempre materiais de qualidade, sendo que dou importância à organização da cozinha e também à estética.  

Se pudesse apontar, ao fim de tantos anos de experiência, três detalhes que o ajudaram a chegar tão longe, quais diria que são e porquê?
A equipa, muito trabalho e alguma sorte. Sorte, por ter tido bons professores e boas experiências profissionais, por me ter rodeado de pessoas que fizeram toda a diferença e nas quais confio, por ter uma família que me apoia, por ter tomado decisões e por ter tido oportunidades nas alturas certas. A equipa, porque nada teria sido possível sem a colaboração de pessoas trabalhadoras e dedicadas. O que está construído é resultado do esforço de muitos. E muito, muito trabalho, porque só isso permitiu construir o que hoje temos. 

Se lhe fosse possível abrir já amanhã um restaurante num qualquer ponto do mundo, onde seria e porquê?
Essa avaliação acontece em permanência. São vários os projetos internacionais que nos propõem, regularmente. Neste momento, estamos a avaliar uma possibilidade em Los Angeles. Poderá ser interessante pela dinâmica. E poderá ser, sem dúvida, uma oportunidade importante de aprendizagem.
Depois de tantas criações bem-sucedidas, consegue dizer-nos se tem uma favorita? E se não tiver uma comida favorita criada por si, tem de alguém? Qual e o que é que esse prato lhe traz à memória?
São muitos. Criei as cartas de cada um dos restaurantes e todos têm os seus pratos emblemáticos. Para nomear apenas alguns, posso referir, os Peixinhos da Horta e a Avelã 3 do Cantinho do Avillez, o Bacalhau à Brás que servimos no Páteo, no Bairro do Avillez, o Cornetos Temaki de Atum, as Gambas em Ceviche e os Croquetes do Mini Bar, a Pizza Caravela da Pizzaria Lisboa… para não falar nos pratos que servimos no Belcanto, que para mim são todos especiais, e mais recentemente o menu de degustação do Encanto, espaço que abrimos há um ano, que apresenta um menu de alta-cozinha vegetariana e que, no final do ano passado, foi distinguido com uma Estrela Michelin. Quando penso nestes diferentes pratos, vem-me à memória o processo de criação de cada um destes espaços, a maravilha que é vê-los a ganhar forma, a funcionar, e ver o quanto as pessoas gostam e voltam para repetir estes sabores e viver os espaços. É um orgulho enorme. 

Sopa ou sobremesa?
Sopa.

Peixe ou carne?
Peixe, carne, marisco, vegetais. Por vezes uns, por vezes outros, sem fundamentalismo. 

Fogão a gás ou a lenha?
Um bom fogão: a gás, a lenha, fogo de chã… 

Comida da mãe ou da avó?
A minha. Um dos grandes incentivos para aprender a cozinhar foi a minha mãe não o fazer. 

Avental ou jaleca?
No Belcanto, jaleca. Num registo informal, avental. 

Colher de pau ou de silicone?
Nos restaurantes, de silicone, pois é o que indicam as normas. Em casa, gosto de usar a de madeira. 

Cerveja ou vinho?
Em Portugal, temos belíssimos vinhos, mas depende da ocasião.
Filomena Abreu
T. Filomena Abreu
F. Direitos Reservados

Publicidade

Política de Cookies

Este site utiliza Cookies. Ao navegar, está a consentir o seu uso. Saiba mais

Compreendi