Um alentejano, que vive em Vila Real, mas que tem muitos quilómetros de estrada. Tudo por causa dos jardins e hortas que faz nascer, que converte em riqueza. Arquiteto paisagista de corpo e alma, João Bicho tem ideias muito claras sobre os desafios que é preciso enfrentar hoje, para fazer face às mudanças climáticas de amanhã. Adepto da permacultura, da compostagem, da mudança de hábitos humanos, tem mudado, aos poucos, a mentalidade das pessoas para quem trabalha. E é desta forma que tem contribuído para um mundo melhor.
João Bicho
"Temos de começar a depender cada vez menos da água”
Como é que entra neste mundo?
Sou alentejano e há um gosto pelo exterior, pelo campo, que vem desde jovem. Inicialmente, entrei na universidade, em Vila Real, em engenharia agrícola e, quase de imediato, até pela envolvente do próprio campus, comecei a ter algum gosto por jardins e por espaços verdes. Algures em 1999, tenho um acidente de moto, fico muito tempo parado e leio o livro Fundamentos da Arquitetura Paisagista, de Francisco Caldeira Cabral, que é o fundador da Arquitetura Paisagista em Portugal. E percebo: "É mesmo isto que eu quero fazer na vida”. E pronto, estava no segundo ano e mudei de curso, da engenharia agrícola para arquitetura paisagista. A partir daí, fui cultivando o gosto por esta área. Se já gostava, à medida que fui me entranhado nela, fui gostando cada vez mais.
E já não saiu de Vila Real?
Agora vou muito menos vezes ao Alentejo, já cá estou há 26 anos. Não sei se é para a vida toda, porque divido muito do meu tempo também entre Lisboa e Porto. Ando sempre na estrada. E continuo a fazer muitas coisas no Alentejo, felizmente.
Que clientes tem tido e em que áreas tem trabalhado? Isto porque trabalha em zonas e solos muito diferentes do país…
Mesmo que fosse no mesmo sítio, seriam sempre diferentes, porque os clientes são diferentes, especialmente no que toca a clientes particulares. Sejam empresas ou mesmo só pessoas e famílias que me contratam. Embora também faça projetos para câmaras e para o Estado, essencialmente trabalho para particulares. E uma das exigências deste trabalho é dar sempre uma resposta muito particular, muito distinta, a cada cliente. Portanto, tentarmos sempre realçar a individualidade de cada sítio, de cada lugar, de cada terreno, de cada vontade, até porque a própria natureza do jardim faz com que cada sítio tenha as suas particularidades, os seus solos, o seu clima, o seu microclima. E é preciso adaptar sempre a resposta a essas condições. É quase ponto de honra ter essa resposta individual para cada cliente. É isso que nos vai distinguir em termos de solução para cada problema que nos é colocado.
Em todos estes anos, já fez muitos projetos. Há algum pelo qual tenha especial carinho?
Essa é uma pergunta muito difícil, é como perguntar se gosto mais de um filho ou de outro (risos). Um dos que me continua a dar muito prazer é a Quinta de Ventozelo, até porque continuo a dar apoio à manutenção da quinta. Eu fiz o projeto inicial, que começou em 2018; depois, fizemos a parte da construção e, agora, continuo a acompanhar a manutenção da quinta e das hortas, que é uma área que me dá muito prazer. E é um projeto que está a evoluir especialmente bem. De momento, estamos a entrar na parte do desenho da quinta. Um desafio enorme – é uma quinta com 400 hectares e estamos lentamente a fazer um trabalho de desenho de paisagem, a entrar nas vinhas. É muito prazeroso.
Além disso, temos um projeto mais pequeno, mas não menos importante, que é o Hotel Valverde, iniciado em 2014, e onde, ainda agora, continuo a acompanhar toda a parte de manutenção do jardim, o que me permite, ao longo destes anos, ter feito uma série de renovações no jardim. São quase nove anos de jardim, um jardim em Lisboa, na Avenida da Liberdade, com um carácter completamente diferente do projeto de que falei anteriormente.
O João também é especialista em permacultura, ou seja, acaba por fazer projetos bonitos e eficientes…
Especialista em permacultura, mas sobretudo em hortas. Entre as várias formas de trabalhar, gosto essencialmente de trabalhar as hortas e num modo biológico.
As pessoas procuram-no pelo trabalho que faz. Sente que estão mais a pensar a longo prazo, no ambiente, na diminuição do stresse das suas vidas? Nota que há também mais preocupação com os jardins, com o que nos rodeia?
Noto. E noto que as pessoas querem controlar mais o que comem. Querem ter uma horta para consumo o ano todo, o que é sempre um bocadinho difícil. Em Ventozelo, temos uma horta relativamente grande, mas não conseguimos, a tempo inteiro, ter todos os produtos para o restaurante. Conseguimos, sim, ter alguns produtos que se distinguem daquilo que se consegue encontrar no mercado, seja do ponto de vista da frescura e, sobretudo, da exploração de cada produto. Conseguimos tirar o produto num estado de maturação sempre muito mais único. A curgete, por exemplo: posso ir buscar a flor da curgete fresquíssima, posso apanhar as curgetes muito pequeninas, com cerca de 10 a 12 centímetros, num estado de frescura que nos permite comê-las como pepinos e colocá-las numa salada. Ou seja, há muito mais controlo do produto, tendo-o ali à mão, do que quando estamos à espera de que um fornecedor nos traz. E isso também vem com uma pegada ambiental muito maior, mas nem será por aí. Na horta, conseguimos ter ene produtos com este controlo na cozinha. E os cozinheiros gostam muito deste tipo de privilégio, o de conseguir ter à disposição – e quando digo cozinheiro pode ser uma família – estes produtos num estado que poucas vezes conseguimos ter. Depois, sabemos o que pomos na horta, sabemos os produtos que colocamos, o tratamento que lhes é dado. E tudo isto se reflete no sabor. Estando no sítio, conseguimos perceber o sabor das coisas, conseguimos ir ao jardim apanhar umas flores para colocar numa salada... Tudo isso faz com que as pessoas queiram, cada vez mais, ter as suas próprias hortas.
"Costumo dizer que temos de entrar nas hortas devagarinho, porque, se entrarmos bem, não saímos”
Sou alentejano e há um gosto pelo exterior, pelo campo, que vem desde jovem. Inicialmente, entrei na universidade, em Vila Real, em engenharia agrícola e, quase de imediato, até pela envolvente do próprio campus, comecei a ter algum gosto por jardins e por espaços verdes. Algures em 1999, tenho um acidente de moto, fico muito tempo parado e leio o livro Fundamentos da Arquitetura Paisagista, de Francisco Caldeira Cabral, que é o fundador da Arquitetura Paisagista em Portugal. E percebo: "É mesmo isto que eu quero fazer na vida”. E pronto, estava no segundo ano e mudei de curso, da engenharia agrícola para arquitetura paisagista. A partir daí, fui cultivando o gosto por esta área. Se já gostava, à medida que fui me entranhado nela, fui gostando cada vez mais.
E já não saiu de Vila Real?
Agora vou muito menos vezes ao Alentejo, já cá estou há 26 anos. Não sei se é para a vida toda, porque divido muito do meu tempo também entre Lisboa e Porto. Ando sempre na estrada. E continuo a fazer muitas coisas no Alentejo, felizmente.
Que clientes tem tido e em que áreas tem trabalhado? Isto porque trabalha em zonas e solos muito diferentes do país…
Mesmo que fosse no mesmo sítio, seriam sempre diferentes, porque os clientes são diferentes, especialmente no que toca a clientes particulares. Sejam empresas ou mesmo só pessoas e famílias que me contratam. Embora também faça projetos para câmaras e para o Estado, essencialmente trabalho para particulares. E uma das exigências deste trabalho é dar sempre uma resposta muito particular, muito distinta, a cada cliente. Portanto, tentarmos sempre realçar a individualidade de cada sítio, de cada lugar, de cada terreno, de cada vontade, até porque a própria natureza do jardim faz com que cada sítio tenha as suas particularidades, os seus solos, o seu clima, o seu microclima. E é preciso adaptar sempre a resposta a essas condições. É quase ponto de honra ter essa resposta individual para cada cliente. É isso que nos vai distinguir em termos de solução para cada problema que nos é colocado.
Em todos estes anos, já fez muitos projetos. Há algum pelo qual tenha especial carinho?
Essa é uma pergunta muito difícil, é como perguntar se gosto mais de um filho ou de outro (risos). Um dos que me continua a dar muito prazer é a Quinta de Ventozelo, até porque continuo a dar apoio à manutenção da quinta. Eu fiz o projeto inicial, que começou em 2018; depois, fizemos a parte da construção e, agora, continuo a acompanhar a manutenção da quinta e das hortas, que é uma área que me dá muito prazer. E é um projeto que está a evoluir especialmente bem. De momento, estamos a entrar na parte do desenho da quinta. Um desafio enorme – é uma quinta com 400 hectares e estamos lentamente a fazer um trabalho de desenho de paisagem, a entrar nas vinhas. É muito prazeroso.
Além disso, temos um projeto mais pequeno, mas não menos importante, que é o Hotel Valverde, iniciado em 2014, e onde, ainda agora, continuo a acompanhar toda a parte de manutenção do jardim, o que me permite, ao longo destes anos, ter feito uma série de renovações no jardim. São quase nove anos de jardim, um jardim em Lisboa, na Avenida da Liberdade, com um carácter completamente diferente do projeto de que falei anteriormente.
O João também é especialista em permacultura, ou seja, acaba por fazer projetos bonitos e eficientes…
Especialista em permacultura, mas sobretudo em hortas. Entre as várias formas de trabalhar, gosto essencialmente de trabalhar as hortas e num modo biológico.
As pessoas procuram-no pelo trabalho que faz. Sente que estão mais a pensar a longo prazo, no ambiente, na diminuição do stresse das suas vidas? Nota que há também mais preocupação com os jardins, com o que nos rodeia?
Noto. E noto que as pessoas querem controlar mais o que comem. Querem ter uma horta para consumo o ano todo, o que é sempre um bocadinho difícil. Em Ventozelo, temos uma horta relativamente grande, mas não conseguimos, a tempo inteiro, ter todos os produtos para o restaurante. Conseguimos, sim, ter alguns produtos que se distinguem daquilo que se consegue encontrar no mercado, seja do ponto de vista da frescura e, sobretudo, da exploração de cada produto. Conseguimos tirar o produto num estado de maturação sempre muito mais único. A curgete, por exemplo: posso ir buscar a flor da curgete fresquíssima, posso apanhar as curgetes muito pequeninas, com cerca de 10 a 12 centímetros, num estado de frescura que nos permite comê-las como pepinos e colocá-las numa salada. Ou seja, há muito mais controlo do produto, tendo-o ali à mão, do que quando estamos à espera de que um fornecedor nos traz. E isso também vem com uma pegada ambiental muito maior, mas nem será por aí. Na horta, conseguimos ter ene produtos com este controlo na cozinha. E os cozinheiros gostam muito deste tipo de privilégio, o de conseguir ter à disposição – e quando digo cozinheiro pode ser uma família – estes produtos num estado que poucas vezes conseguimos ter. Depois, sabemos o que pomos na horta, sabemos os produtos que colocamos, o tratamento que lhes é dado. E tudo isto se reflete no sabor. Estando no sítio, conseguimos perceber o sabor das coisas, conseguimos ir ao jardim apanhar umas flores para colocar numa salada... Tudo isso faz com que as pessoas queiram, cada vez mais, ter as suas próprias hortas.
"Costumo dizer que temos de entrar nas hortas devagarinho, porque, se entrarmos bem, não saímos”
Quase como um vício…
Eu acho que sim. Costumo dizer que temos de entrar nas hortas devagarinho, porque, se entrarmos bem, não saímos. Não se pode estar à espera de ter grandes produções, não é isso que se pretende, mas aquilo que temos vai-nos vencer pelo sabor e pelo paladar.
O João anda no terreno, em vários terrenos. É conhecida esta ideia de que, devido às alterações climáticas, Portugal, ou algumas zonas do país, poderão ter o seu clima e os solos muito parecidos com o Norte de África, em pouco tempo. Consegue ter uma perspetiva ou já pensou como serão os jardins e as hortas dos próximos dez anos?
Sim. Agora estamos a fazer trabalhos muito engraçados e muito interessantes, que em breve serão divulgados, de renaturalização ou regeneração de áreas relativamente extensas, até no Alentejo, com plantações de ervas e arbustos a uma escala muito interessante, precisamente nessa perspetiva. Há vários caminhos e as questões das alterações climáticas vão colocar-nos vários desafios e vão obrigar-nos a repensar questões de base. Ou seja, nós temos – e pegando na questão do Alentejo, que pode ser extrapolado para o Douro ou para Trás-os-Montes, Algarve ou para a Beira Interior, que são as áreas que nós temos mais sensíveis, são zonas naturalmente mais quentes e secas –, aqui, um desafio que é uma questão cultural. Do ponto de vista da ocupação humana, desarborizámos e criámos grandes clareiras para ter atividades agrícolas, e isso introduziu muitas alterações na nossa paisagem. Tem coisas boas e tem coisas más, mas, acima de tudo, o que acontece é que começámos a ficar com solos muito mais desprotegidos, e uma das questões que se põe, neste momento, é termos de recuperar algumas áreas de vegetação natural, com aquilo que podemos chamar de mantos mais mediterrânicos. Tudo por uma questão de conservação de solo e de zonas naturais em que o solo esteja mais protegido e em que haja um bocadinho mais de reforço dos ciclos naturais, nomeadamente da parte da infiltração da água no solo. Vamos sempre viver com a questão da seca. Quando tivermos uma seca de um ano ou de um ano e meio, como já tivemos em 2017/18, vamos ter de adaptar a nossa vegetação o mais possível a essas circunstâncias. Isto na parte de paisagem e da natureza global.
Já na parte de jardins, temos de começar a depender cada vez menos da água. Penso que o grande desafio que se coloca para o jardim é termos vegetação que dependa menos da água. Embora o jardim e a horta tenham também uma natureza muito grande e um sistema humano, eles só existirão enquanto receberem imputs das pessoas, enquanto os cuidarmos e mantivermos, porque nos dão em troca um ambiente diferente, um conforto espacial e climático do que está à nossa volta. E é isso que nos faz investirmos, se não vivíamos no meio do mato, vivíamos com a vegetação natural que não nos é tão confortável.
Mas sabemos que temos de depender menos da água, porque esse recurso vai ser cada vez mais escasso. E temos de encontrar forma de proteger os solos, de não os expor. Se sabemos que é um recurso escasso, então, vamos usá-lo de forma inteligente. Podemos usar as águas cinzentas para a rega do jardim, porque as pessoas tomam banho todos os dias, e são litros e litros de águas que, se forem separados das águas negras, podem facilmente ser reutilizados no jardim e é escusado andar a usar o recurso de água potável. A grande questão passa pelo uso racional de recursos e por ser cada vez mais inteligente e inventivo na forma de tirar partido das coisas que temos e desperdiçamos. Como a compostagem. Todos nós fazemos imenso lixo orgânico no dia a dia, quando cozinhamos, e devemos explorar isso. Podemos, por exemplo, usar esse lixo nas próprias hortas. No fundo, estamos a tirar da terra, a exportar os nutrientes para consumir, nas frutas e nas verduras, e depois acabamos por restituí-los, fechando o ciclo, voltando a pô-los no composto, não deitando tudo fora e reincorporando, ciclos novos, no jardim e na horta. Nem sempre é fácil, nem sempre temos escala para fazer isto, mas não é impossível.
Eu acho que sim. Costumo dizer que temos de entrar nas hortas devagarinho, porque, se entrarmos bem, não saímos. Não se pode estar à espera de ter grandes produções, não é isso que se pretende, mas aquilo que temos vai-nos vencer pelo sabor e pelo paladar.
O João anda no terreno, em vários terrenos. É conhecida esta ideia de que, devido às alterações climáticas, Portugal, ou algumas zonas do país, poderão ter o seu clima e os solos muito parecidos com o Norte de África, em pouco tempo. Consegue ter uma perspetiva ou já pensou como serão os jardins e as hortas dos próximos dez anos?
Sim. Agora estamos a fazer trabalhos muito engraçados e muito interessantes, que em breve serão divulgados, de renaturalização ou regeneração de áreas relativamente extensas, até no Alentejo, com plantações de ervas e arbustos a uma escala muito interessante, precisamente nessa perspetiva. Há vários caminhos e as questões das alterações climáticas vão colocar-nos vários desafios e vão obrigar-nos a repensar questões de base. Ou seja, nós temos – e pegando na questão do Alentejo, que pode ser extrapolado para o Douro ou para Trás-os-Montes, Algarve ou para a Beira Interior, que são as áreas que nós temos mais sensíveis, são zonas naturalmente mais quentes e secas –, aqui, um desafio que é uma questão cultural. Do ponto de vista da ocupação humana, desarborizámos e criámos grandes clareiras para ter atividades agrícolas, e isso introduziu muitas alterações na nossa paisagem. Tem coisas boas e tem coisas más, mas, acima de tudo, o que acontece é que começámos a ficar com solos muito mais desprotegidos, e uma das questões que se põe, neste momento, é termos de recuperar algumas áreas de vegetação natural, com aquilo que podemos chamar de mantos mais mediterrânicos. Tudo por uma questão de conservação de solo e de zonas naturais em que o solo esteja mais protegido e em que haja um bocadinho mais de reforço dos ciclos naturais, nomeadamente da parte da infiltração da água no solo. Vamos sempre viver com a questão da seca. Quando tivermos uma seca de um ano ou de um ano e meio, como já tivemos em 2017/18, vamos ter de adaptar a nossa vegetação o mais possível a essas circunstâncias. Isto na parte de paisagem e da natureza global.
Já na parte de jardins, temos de começar a depender cada vez menos da água. Penso que o grande desafio que se coloca para o jardim é termos vegetação que dependa menos da água. Embora o jardim e a horta tenham também uma natureza muito grande e um sistema humano, eles só existirão enquanto receberem imputs das pessoas, enquanto os cuidarmos e mantivermos, porque nos dão em troca um ambiente diferente, um conforto espacial e climático do que está à nossa volta. E é isso que nos faz investirmos, se não vivíamos no meio do mato, vivíamos com a vegetação natural que não nos é tão confortável.
Mas sabemos que temos de depender menos da água, porque esse recurso vai ser cada vez mais escasso. E temos de encontrar forma de proteger os solos, de não os expor. Se sabemos que é um recurso escasso, então, vamos usá-lo de forma inteligente. Podemos usar as águas cinzentas para a rega do jardim, porque as pessoas tomam banho todos os dias, e são litros e litros de águas que, se forem separados das águas negras, podem facilmente ser reutilizados no jardim e é escusado andar a usar o recurso de água potável. A grande questão passa pelo uso racional de recursos e por ser cada vez mais inteligente e inventivo na forma de tirar partido das coisas que temos e desperdiçamos. Como a compostagem. Todos nós fazemos imenso lixo orgânico no dia a dia, quando cozinhamos, e devemos explorar isso. Podemos, por exemplo, usar esse lixo nas próprias hortas. No fundo, estamos a tirar da terra, a exportar os nutrientes para consumir, nas frutas e nas verduras, e depois acabamos por restituí-los, fechando o ciclo, voltando a pô-los no composto, não deitando tudo fora e reincorporando, ciclos novos, no jardim e na horta. Nem sempre é fácil, nem sempre temos escala para fazer isto, mas não é impossível.