Um traço contemporâneo. Obras distintas. Mário Martins é o autor de inúmeros projetos de arquitetura. Nasceu em Lagos, Algarve, onde, até aos dias de hoje, tem vindo a desenvolver diversos trabalhos públicos e privados, alguns construídos de raiz e outros de requalificação. Já publicou diversas obras literárias, com ênfase para a sua arquitetura. À TRENDS, fala-nos da ligação do exterior com o interior, porque "cada elemento tem a sua relevância (...) e são como as letras de um alfabeto para escrever palavras, um texto ou um poema. Não há letras mais importantes do que outras. Todas são necessárias e essenciais.”
Mário Martins
"Alguns projetos são desenhados a partir do exterior”
Durante o processo de criação de ideias para um projeto, quando é que o arquiteto pensa o espaço outdoor?
Penso o exterior e o interior como um todo, como parte de um mesmo projeto, feito em simultâneo e de forma coerente. Nos espaços interiores e ajardinados, contamos, desde uma fase inicial de projeto, com a colaboração de equipas de arquitetos paisagistas, com quem discutimos e definimos soluções adequadas. O outdoor não pode ser tratado como um acessório ou um adorno, mas sim parte de uma mesma ideia e de uma solução global, desenvolvida em simultâneo. Obviamente, isso aplica-se também ao interior.
Ainda no outdoor, o que tem mais relevância para si: a piscina, o jardim, espaço lounge, o deque exterior...?
Cada elemento tem a sua relevância num determinado contexto. Cada um destes elementos é como as letras de um alfabeto para escrever palavras, um texto ou um poema. Não há letras mais importantes do que outras. Todas são necessárias e essenciais.
"O outdoor não pode ser tratado como um acessório ou um adorno, mas sim parte de uma mesma ideia e de uma solução global”
Penso o exterior e o interior como um todo, como parte de um mesmo projeto, feito em simultâneo e de forma coerente. Nos espaços interiores e ajardinados, contamos, desde uma fase inicial de projeto, com a colaboração de equipas de arquitetos paisagistas, com quem discutimos e definimos soluções adequadas. O outdoor não pode ser tratado como um acessório ou um adorno, mas sim parte de uma mesma ideia e de uma solução global, desenvolvida em simultâneo. Obviamente, isso aplica-se também ao interior.
Ainda no outdoor, o que tem mais relevância para si: a piscina, o jardim, espaço lounge, o deque exterior...?
Cada elemento tem a sua relevância num determinado contexto. Cada um destes elementos é como as letras de um alfabeto para escrever palavras, um texto ou um poema. Não há letras mais importantes do que outras. Todas são necessárias e essenciais.
"O outdoor não pode ser tratado como um acessório ou um adorno, mas sim parte de uma mesma ideia e de uma solução global”
Quais os espaços e materiais que não podem faltar no exterior?
Depende do contexto em que o projeto se insere. Há casos com amplos jardins. Outros onde não existe qualquer intervenção exterior, mantendo-se o espaço natural ou preexistente. Mas também pode fazer sentido o verde ser substituído por um inerte, ou mesmo detritos de uma anterior construção, se, nesse caso, isso fizer sentido. No entanto, nos nossos projetos, existe uma ideia cada vez mais presente, que é, na medida do possível, procurar a utilização de recursos naturais e soluções endógenas, com particular cuidado para a gestão da água, que é um bem escasso e precioso.
Porque não é só no interior que está a alma do projeto, certo?
Claro que não. Alguns projetos são desenhados a partir do exterior. Algumas das nossas casas têm um pátio como espaço central, de luz, sombra, arejamento e, principalmente, de vivência. A casa Libre é o mais recente desses exemplos. Na casa Bonança, um dos nossos projetos mais conhecidos, uma intervenção num antigo armazém no centro histórico, recorre-se a uma solução pouco usual, que é remover parte da cobertura do edifício, deixando as asnas à vista, para dotar a casa de um espaço exterior, mas contido, de grande intimidade, para onde os compartimentos se estendem, em termos de fruição. A ideia de desenhar a casa em torno de um vazio tornou esse vazio a alma da casa, o seu espaço mais emblemático e vivido. Assim, num espaço urbano denso, o centro da casa é criado a partir de algo inexistente, para satisfazer uma forma de viver neste clima do sul. E, afinal, nem se percebe o que é exterior e interior. A casa é tudo isso. É arquitetura.
O que é que faz com que seja mais ou menos emocionante, para si, criar um projeto? Essa emoção reflete-se no projeto e na vivência da casa pelo cliente?
A arquitetura tem de ser feita com emoção e paixão, sob pena de se tornar algo insípido e sem sentido. Um projeto deve partir de uma ideia, com um caminho e um conjunto de condicionantes que vai formulando o seu desenvolvimento. Um projeto é como um labirinto. Partindo de uma ideia inicial, procuram-se saídas e soluções para atingir o objetivo. Mas, por vezes, encontramos saídas inesperadas, com resultados surpreendentes. Este é um dos encantos da arquitetura.
Depende do contexto em que o projeto se insere. Há casos com amplos jardins. Outros onde não existe qualquer intervenção exterior, mantendo-se o espaço natural ou preexistente. Mas também pode fazer sentido o verde ser substituído por um inerte, ou mesmo detritos de uma anterior construção, se, nesse caso, isso fizer sentido. No entanto, nos nossos projetos, existe uma ideia cada vez mais presente, que é, na medida do possível, procurar a utilização de recursos naturais e soluções endógenas, com particular cuidado para a gestão da água, que é um bem escasso e precioso.
Porque não é só no interior que está a alma do projeto, certo?
Claro que não. Alguns projetos são desenhados a partir do exterior. Algumas das nossas casas têm um pátio como espaço central, de luz, sombra, arejamento e, principalmente, de vivência. A casa Libre é o mais recente desses exemplos. Na casa Bonança, um dos nossos projetos mais conhecidos, uma intervenção num antigo armazém no centro histórico, recorre-se a uma solução pouco usual, que é remover parte da cobertura do edifício, deixando as asnas à vista, para dotar a casa de um espaço exterior, mas contido, de grande intimidade, para onde os compartimentos se estendem, em termos de fruição. A ideia de desenhar a casa em torno de um vazio tornou esse vazio a alma da casa, o seu espaço mais emblemático e vivido. Assim, num espaço urbano denso, o centro da casa é criado a partir de algo inexistente, para satisfazer uma forma de viver neste clima do sul. E, afinal, nem se percebe o que é exterior e interior. A casa é tudo isso. É arquitetura.
O que é que faz com que seja mais ou menos emocionante, para si, criar um projeto? Essa emoção reflete-se no projeto e na vivência da casa pelo cliente?
A arquitetura tem de ser feita com emoção e paixão, sob pena de se tornar algo insípido e sem sentido. Um projeto deve partir de uma ideia, com um caminho e um conjunto de condicionantes que vai formulando o seu desenvolvimento. Um projeto é como um labirinto. Partindo de uma ideia inicial, procuram-se saídas e soluções para atingir o objetivo. Mas, por vezes, encontramos saídas inesperadas, com resultados surpreendentes. Este é um dos encantos da arquitetura.